domingo, 28 de junho de 2009

Oq é tão doce assim?

Contemplou o luar. Se espreguiçou
Pensando na morte e um pouco na vida
Tomou outra xícara de café e fumou um cigarro adocicado
Falou dos planos que não tinha. Pegou no sono
Amanheceu na calçada de um mundo parado
Um corpo esguio e nu
Frágil e gelado
O sangue escorria pelo meio fio
De uma rua escura
Em um bairro vazio
Carro aberto logo à frente
Rádio tocando MPB
A chave ainda no contato
O conhaque a escorrer
Chorava ou sorria?
Já não dá pra perceber
A brisa gelada da noite
Ajudava a esconder
Crianças pulavam o corpo
Curiosos fingiam não ver
Talvez aquelas pessoas tivessem algo pra dizer
Precisava chegar à alma delas
Ou não sei o que
Destes brancos materialistas
Não tem ninguém pra socorrer
E era justamente o que queria
Pois a morte era o único lugar que merecia uma visita.
Em um embrulho de jornal levou as lembranças das noites agressivas
Embaladas pelas músicas que mais ouvia
Levou as cores disfarçadas de preto e branco
E os amores com o gosto do álcool que bebia
Se vestiu de êxtase e pó
Se embriagou de alegrias
Se perfumou de dó
Pra esconder dos inimigos as coisas que sentia
E não deixar o endereço de onde está.
O último trago fez a lua apagar
A marca do batom ficou pra dizer:
“Da maneira mais doce a morte veio me buscar”.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

A fuga.

29 de junho de 2009 às 05:53  
Anonymous sindro disse...

Oi Adorei o texto, passe no meu blog de textos. Obrigado, te espero lá!

8 de janeiro de 2011 às 11:58  

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