domingo, 21 de março de 2010

Por acaso (Eduardo Ribeiro/Erika Sodré).

- Rato gordo...
- Credo.
- Porco médio.
- Oi?
- Oi, tudo bem?
- Bem e você? Bela gravata!
- Obrigado, comprei no açougue.
- Então não é gravata...é uma língua de boi
- De porco...porco médio.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Acordada

Pessoas esquisitas, excêntricas, e o sol amarelo que não aquecia mais. A rua cercada de casas velhas. A sensação de que, sem dúvida, ninguém me entendia, de que ninguém sabia quem eu era e o que me levava até lá. Quando fechava os olhos, tudo ao meu redor parecia vazio, frio, simplesmente. Como se estivesse no lugar mais solitário do mundo. No meio de lugar nenhum.
E me sentei na cama e por um instante desejei que você se sentasse ao meu lado e pusesse seu braço ao meu redor e dissesse que tudo ficaria bem.

domingo, 28 de junho de 2009

Oq é tão doce assim?

Contemplou o luar. Se espreguiçou
Pensando na morte e um pouco na vida
Tomou outra xícara de café e fumou um cigarro adocicado
Falou dos planos que não tinha. Pegou no sono
Amanheceu na calçada de um mundo parado
Um corpo esguio e nu
Frágil e gelado
O sangue escorria pelo meio fio
De uma rua escura
Em um bairro vazio
Carro aberto logo à frente
Rádio tocando MPB
A chave ainda no contato
O conhaque a escorrer
Chorava ou sorria?
Já não dá pra perceber
A brisa gelada da noite
Ajudava a esconder
Crianças pulavam o corpo
Curiosos fingiam não ver
Talvez aquelas pessoas tivessem algo pra dizer
Precisava chegar à alma delas
Ou não sei o que
Destes brancos materialistas
Não tem ninguém pra socorrer
E era justamente o que queria
Pois a morte era o único lugar que merecia uma visita.
Em um embrulho de jornal levou as lembranças das noites agressivas
Embaladas pelas músicas que mais ouvia
Levou as cores disfarçadas de preto e branco
E os amores com o gosto do álcool que bebia
Se vestiu de êxtase e pó
Se embriagou de alegrias
Se perfumou de dó
Pra esconder dos inimigos as coisas que sentia
E não deixar o endereço de onde está.
O último trago fez a lua apagar
A marca do batom ficou pra dizer:
“Da maneira mais doce a morte veio me buscar”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Uma coisinha à toa

Dormi ao som de sua respiração serena
E minha vida encheu-se dele
Cada palavra era ele
Achava que morrer de amor
Era apenas uma licença poética
Mas os sintomas do amanhecer
Numa calçada de sol
Me faz lembrar de como preparou o café da manhã
Nunca esqueci seu olhar
Olhos cor de açúcar queimado
Enquanto tomávamos café
Eu te abracei tão apertado
Que sentia circular seu sangue pelas veias
Lábios mordidos para não chorar
Lagrimas fáceis pela dor de imaginar
Você sem mim